Meu espírito, há tempos tão livre... rosada criança maravilhada com o mundo, agora está morta em meio as cinzas... solidão, vazio enegrecido. Morri sim... não há mais a bela doçura pueril... não há mais as cores vivas deste mundo.
Em um vago momento, abri os olhos há tanto tempo cerrados e senti pulsar novamente um sentimento. Não mais reconheço tal sensação... lateja em todo o meu corpo...
Temo... encurvo-me a carcaça em um canto fúnebre e procuro em vão, subterfúgios... caço refúgios que me privem desses sentimentos nefastos... pecaminosos. Temo pela descoberta ingênua... Temo por tornar-me adicta... temo por florescer em meu peito, algo que não tenho o direito de sentir.
Abruptamente, a cor volta a minha face... em desespero, cubro-a em minhas mãos, aveludado lençol da vergonha. Será isso o meu eterno algoz... maldito verdugo!
Mas é tão vivo e sedutor... Me sobe uma doce ânsia análoga à ânsia e as palavras me somem... Ouço o tamborilar desse sentimento, lá fora, chamando-me para dormir eternamente em seus braços. É tão quente...tão vivo...
Banho-me em lágrimas... deleito-me de seu bálsamo e o dedilho levemente, mas não posso atirar-me nesse vão... Fugir, parece-me a solução... encarcerar-me-ei em meu alcácer de açúcar.. pseudo proteção
Maldito indômito sentimento... o repudio... o desejo... Eterna batalha... viver intensamente ou morrer em meio as cinzas?
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